Memórias, guarda-roupa e domingo.


Por: Laís Franco 


 Acho que sou a única pessoa que não consegue manter seu pequeno e precioso espaço arrumado por mais de uma semana.
Definitivamente odeio arrumar meu guarda-roupa.
As vezes eu sou muito relaxada, por exemplo, eu chego de qualquer lugar que for, abro a porta do guarda-roupa e simplesmente jogo lá, como se dentro dele houvesse um mecanismo que permitisse com que ele se auto-arrumasse. Mais ainda não inventaram um desses. Só uma cama que se arruma sozinha. Mas guarda-roupa não.
Domingo passado, antes de ir para Sampa music festival (depois faço comentários about), eu tive a brilhante idéia de arrumar meu pequeno santuário.
Não sei se vocês já viram em alguns filmes americanos, quando alguém abre algum armário e começam a cair coisas em forma de cascata de dentro dele? Bem, foi mais ou menos isso que aconteceu comigo.
Depois de tentar ajeitar as coisas, eu fui remexendo, remexendo...até que encontrei uma caixa com alguns adereços que eu gosto muito porém não uso com tanta frequência, e tenho dó de doar(não que eu seja uma pessoa ruim, mas é por conta de sentimentalismo mesmo).
Eu juro que eu não ia abrir, maaaas por conta de mais um axioma da vida, sucumbi a tentação.
Minhas mãos começaram a soar e meus olhos brilharam intensamente ( não foi de longe tão emocionante quanto aparece na imagem).
Na verdade eu nem lembrava direito o que tinha nessa caixinha, até porque sempre que eu ia arrumar meu armário, jogava esse bagulho de lado e estava a ponto de jogá-lo fora, mais domingo eu estava muito sentimental (vou colocar a culpa na maldita TPM).
Dentro dessa caixa haviam alguns papéis com anotações das aulas, bilhetinhos de papel que costumávamos chamar de Msn de papel, e muiiitas cartinhas das minhas melhores amigas e dos meus 2 primeiros namorados(Sim, é estranho guardar esse tipo de coisa, e não tenho desculpas para isso no momento).
Além de algumas bijus , lenços estranhos, e alguns pedaços de mim. Não literalmente, é claro.
E vendo tudo isso, me bateu uma saudade imensa do tempo em que mesmo que eu não soubesse, era a época mais relativamente fácil da minha vida.
Da escola trago as lembranças do bullying eterno por ser esquisita e não me vestir bem, além de ser um pouco "baixinha", mas também de todas as experiências que graças a Deus eu tive a oportunidade de ter.
Houve também os garotos que eu achava que eram lindos, e claro, eram sempre os populares todos com certeza mais velhos que eu (na época  tinha 13/14 anos, mas sempre gostei de homens 5, 10 anos mais velhos que eu).
O primeiro amor a gente nunca esquece né?
Comecei a namorar muito cedo, e por ter ficado muito tempo com o mesmo garoto, acho que perdi algumas coisas que eram do ciclo natural da minha idade, mas no momento eu estava " in love " então, não ligava muito pra isso, só queria estar junto e aproveitar cada momento. Mas tudo que é bom acaba né?
Mas tudo bem, a gente caí, se machuca, mais logo se cura e se vacina, com esperanças de não acontecer de novo.
Consequência? Tenho quase 20 anos nas costas e sou uma eterna adolescente ( psicologia explica como síndrome de Peter Pan).
Enfim, passei quase metade do meu domingo divagando sobre meu curto periodo de vida, pensando com os meus botões como será daqui pra frente. Se em menos de 10 anos eu já mudei tanto, imagina daqui pra frente?
Depois que eu terminei de arrumar, juntei os pedaços do que eu fui, separei algumas coisas que já haviam passado da hora de serem jogados no lixo, e  empurrei tudo bem pro fundo do meu guarda-roupa, bem bem longe do alcance dos meus olhos, afinal, não podia cair em tentação no domingo que vem.
Esse texto saiu bem mais clichê do que eu imagina, mais um clichê de vez em quando faz bem pra adoçar as nossas queridas e lindas vidas.


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