"Menina Boa, Menina Má". Você consegue sentir o que eu sinto?


"Eu não poderia NUNCA deixar que alguém pudesse me conhecer de verdade. As pessoas não entenderiam. Elas nunca entendem. Tem medo de como posso me comportar... De como posso ser.
Annie, 15 anos. Mãe assassina de criancinhas. Do sexo masculino de preferência. 9 anjinhos que clamam todas as noites por minha ajuda. E eu nada pude fazer. Covarde.
No final elas não vão querer saber quem realmente sou- até por que nem eu mesma sei, mas só irão pensar no que sou capaz de fazer. Eu sinto como se não pudesse encontrar meu lugar no mundo sem ser puxada novamente para VOCÊ, como se fosse uma imã grosseiro e ameaçador. Minha mãe, meu carrasco, meu algoz... Depois da partida de Luke, as coisas ficaram muito piores. Seus jogos mais intensos e perigosos. Mesmo sendo muito nova, cada palavra que saiu dos teus lábios, cada gesto ou toque me fazem arrepiar e querer gritar só com a lembrança. Me dar amor, era como se referia. O amor que na sua cabeça era o que eu precisava. As cicatrizes no meu corpo e o tempo, me mostraram que esse tipo de amor era errado. Bem errado. Se chamava abuso. As marcas ainda sim não são tão profundas quanto as que carrego dentro de mim. Quero que todas as lembranças, que todas as sensações sumam de vez da minha vida. Preciso aprender a viver sem medo. Eu quero morrer. Quero me libertar. Quero aprender a respirar fundo e não sentir a sua mão no meu corpo e na minha mente. Eu sou uma Menina Má, mamãe? Consegue sentir o que eu sinto? Me ajuda a esquecer?"
(texto copyright Laís Franco)



About the book
Annie é uma adolescente que depois de anos de abuso sentimental e sexual, resolve denunciar sua mãe á polícia. A partir daí  nos vemos imersos em uma leitura intensa. Não é uma narrativa fácil de ler, mais ao mesmo tempo que você tenta digerir cada partícula da história, quer saber mais e quer se sentir inserido junto com os personagens.
Mike é um psicólogo fundamental para a recuperação de Anne que a partir de sua tutela assume a identidade de Milly. Ela vai para casa da nova família e precisa lidar com a Phoebe,  uma adolescente que não responde muito bem quando seu pai leva algum jovem para casa afim de ajudá-lo e Saskia, deprimida que vive de remédios e alheia ao mundo que a cerca.
Phoebe não se dá bem com Milly e passa a atormentá-la com coisas bem pesadas, apesar de não saber sobre o passado dela. São pequenas situações que se tornam graves e que não possuem um desfecho agradável.
O livro inteiro é cercado de muitos sentimentos intensos e complicados. Ao mesmo tempo que cheio de dúvidas e compreensão. Como um coração infantil que cresce em meio a violência, crueldade e morte pode se formar e não degenerar aos seus?
Vamos aprender bastante sobre emoções humanas. Como manipular, mentir, ceder e tentar entender como e porque as coisas acabam de forma trágica. Será que o que é certo para um, também é para o outro?
É um livro que com toda certeza deve ser lido, apreciado e que trás uma reflexão enorme.
A edição do livro está linda, a capa, maravilhosa! A diagramação muito agradável. Só achei a textura das páginas um pouco grosseira, mas nada que impeça ou incomode a leitura. Apesar da história bem pesada, amei e vai com certeza para minha lista de 5 estrelas!

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